terça-feira, 29 de novembro de 2011

REI SEBASTIÃO NA ILHA DOS LENÇÓIS

Por: Marinelton Cruz                                                                                    SEBASTIANISMO

O local da batalha dos três Rêis.
Perto de Al-Kasr- Al-Kebir, ha uma aldeia denominada Suakem, que se deu a batalha    conhecida como Alcacér Quibir e provavelmente foram enterrados os três Reis. La se encontra um Obelisco em memória de dom Sebastião. O confronto em Alcacer Quibi:r
O confronto se deu no verão de 1578 entre os Cristãos Portugueses liderados pelo Rêi dom Sebastião e os Mouros Marroquinos. A derrota de El-Rêi Dom Sebastião foi eminente assim como o desaparecimento de seu corpo. Daí precipitou-se a crise do Império Português que vinha em declínio desde o governo de Dom João III.
Dom João III  comandou o Império Português conduzindo para  lutas de conquista por territórios com objetivos de colonização.A agravante disto era que os territórios disputados pelo Rei Dom João III eram territórios conquistados, o que os levava a luta com exércitos equipados. As derrotas causavam prejuízos irreparáveis a coroa portuguesa.
Com a morte de Dom João III aproximadamente em 1567, o rei Dom Sebastião foi coroado com três anos de idade. Por esta razão o mesmo só pode tomar posse da coroa onze anos depois. No período deste hiato que conta entre a morte do antecessor e posse de dom Sebastião o império já flagilizado só decaiu.Tanto economicamente como genealogicamente: pois a coroa portuguesa carecia de herdeiros; o pequeno Rei era o ultimo genuíno descendente.

No intervalo, entre o coroamento e a pose, Portugal foi governado por uma junta regencial Conflitada. De um lado encontrava-se o Cardeal Dom Henrique II (tio avô de Dom Sebastião) representava Portugal e Catarina Habsburgo( avó de Dom Sebastião e tia avó  de Felipe II Rei da Espanha) representava a coroa  Espanhola.
15.3 a razão do misticismo sebastico.
EL Rei Dom Sebastião representou em sua época a esperança de dois povos e dois Impérios. Os impérios Hispânicos divididos em dois desde o século XII. O Português e o Espanhol.

A guerra do inicio da idade media entre os mulçumanos e cristãos. A Espanha por meio do Cardeal Dom Henrique durante o período regencial pode preparar o terreno no campo institucional para que o falido Império português pendesse aos domínios da coroa Espanhola, durante apogeu da crise imperial portuguesa do século XVI.
A morte do Rei Sebastião precipitou a crescente mistificação entorno da salvação do império, levou a crença de que o Rei moreu para que a côrte fosse salva.
A vinda dos portugueses para o Brasil trouxe esta e outras crenças. O Rei dom Sebastião, aparece encantado no nordeste e no Norte do Brasil: em Pernambuco, ( vide: “ O REINO DA PEDRA’ de Ariano Suassuana), no Estado do Pará, e no Maranhão.
Conta à lenda do rei D. Sebastião na Ihas dos Lençóis em Cururupu no Estado do maranhão que, depois de morto na guerra em Alcácer Quibir , foi encantado na Praia dos Lençóis, localizada no arquipélago de Maiaú a 160 Km de São Luís, onde está situado seu palácio feito de ouro, cristal, esmeraldas e outras pedras preciosas.  Em 04 de agosto, data que coincide com a citada batalha, aparece, à noite, reluzente e garbosa, a nau de D. Sebastião que quer aportar em Lençóis. O rei salta em seu cavalo com arreios de ouro e prata, em uniforme de gala, com espada e condecorações. 

No ano seguinte, nas noites de São João, o fantasma do rei retorna à praia, agora sob a forma de um touro negro com penacho luminoso. Em desabalada carreira sai pela praia emitindo mugidos tremendos. Este encantamento permanecerá até o dia em que alguém testemunhar tal aparecimento e faça na testa do touro uma incisão, da qual jorre sangue. Então, D. Sebastião será desencantado e emergirá glorioso das profundezas do mar, com toda a pompa de sua corte. O maremoto ocasionado por tal acontecimento, fará submergir a Ilha de São Luís do Maranhão. 
0s aliados estrangeiros do Rei São Sebastião na encantaria
Na encantaria, falam de um certo sultão Darsalam que dominou a Turquia por volta de 1909. No mesmo período este sofreu fragorosa derrota para os exércitos Cristãos. O então sultão embarcou em fuga suas três filha. As princesas: Erundina, Jarina e Mariana que vieram a se encantar no portal de encantaria do estreito de Gilbratar. De lá, as três princesas, dormiram por mais de 400 anos. Daí, estas acordaram adentrando o rio amazonas por volta do inicio do século XVI. Encantadas as três princesas se manifestam nos terreiros da pajelança da Amazônia.
A princesa Jarina descontente com as matas do Para, refugiou-se como hospede na corte do  Rei Sebastião, na encantada ILHA DE LENÇÓIS, e ali, nas morrarias da praia e da Ilha de lençóis e da Ilha Maiaú, a encantaria  Amazônica rende-lhe homenagens e oferendas juntamente com El Rei Dom Sebastian.


AS ARTIMANHAS DE EL REI DON SEBASTIAN
O local onde está edificada a escola do ensino primário na comunidade de Lençóis no Município de Cururupu. Era o local que outrora foi destinado para a construção do terreiro de Tambor de Mina da ilha encantada de São Sebastião. O terreiro foi construído na década na segunda metade do século XX.
No local foi assentada a simbologia do terreiro, no pé da arvore símbolo; um robusto cajueiro.
Por insistência de um  prefeito  e desobediência do pai de santo local, o terreiro foi desativado dali e edificado em outro local para dar lugar à construção do prédio da escola municipal.
Tanto o pai de santo quanto o prefeito, foram alertados pelos devotos e divindades de que habitam a tradicional morada do Rei Don Sebastião, nas marrarias da ilha dos Lençóis acerca dos perigos e instabilidades que por ventura viessem a ocorrer em conseqüência do ato profano.
Trata-se de um fato que teve repercussão no circulo das encantarias no Maranhão.

 Pai Euclides Menezes, Fundador da casa Fanti-ashanti, iniciador das obrigações que deram origem a fundação do terreiro da Ilha dos Lençóis, lamentou o fato de ter sido mudado o terreiro de seu lugar original a penas para dar lugar a construção de uma escola que poderia ter sido construída em qualquer outro lugar da comunidade.
Depois de edificada a escola, não passou muito tempo para as coisas começarem a dar sinal de instabilidade no terreno. Logo as dunas que em precipício da construção da escola, estavam distantantes do local separadas por touceiras de murici e um denso capinzal, passaram  a si movimentar segundo os moradores da comunidade com mais velocidade que o habitual, em pouco tempo as dunas já estavam ameaçadoramente nas bordas na encosta da escola. Foram tomadas algumas providencias por parte da administração municipal com apoio da comunidade para conter o avanço das dunas que avançaram para encobrir a escola. Foram feitos alguns mutirões, a força dos braços, homens e mulheres, trabalharam sol a sol retirando areia.
Em outubro de 2010, na segunda metade do mês durante a realização de um desses mutirões, realizado com mais pessoal inclusive com pessoas trabalhado profissionalmente, o mutirão teria sido até naqueles dias, o mais longo e denso das temporadas. Durante este evento foi notado por nativos algumas manifestações, que estes consideram de desagrado por parte das forças sobrenaturais que habitam a Ilha. Numa certa noite alguém (um pecador) ao voltar de despescar redes na costa da Ilhas abitas altas horas da noite observou que havia alguém localizado no alto das dunas jogando e devolvendo terra para o local de onde o mutirão tinha tirado durante o dia nas imediações da escola. Na manhã seguinte, estava novamente aterrado exatamente no local de onde fora tirado uma grande porção de terra no dia anterior. O que causou uma grande admiração por todos que tiveram a oportunidade de presenciar o acontecido.

A discussão sobre a mudança do terreiro para dar lugar à escola, contrariando os rituais sagrados que deram lugar ao assentamento do terreiro, voltaram a tona. A secretária Municipal de Educação a Prof.ª Rosária de Fátima, propôs em seguida que fosse realizada uma celebração no local envolvendo as igrejas, os terreiros e outras crenças, num ato de reverencia pedindo proteção as divindade e entidades que protegem e vivem na Ilha misteriosa de Lençóis, sede da encantaria sebastianista no litoral ocidental do maranhão.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Bastardos"Arte Naval

A vela maior é principal, a menor secundaria serve par auxiliar no governo da embarcação
Fotos e texto: marinelton cruz
 BASTARDOS NO MUNICÍPIO DE CURURUPU NO MARANHÃO


O patrimônio naval do Estado do Maranhão apresenta mais uma particularidade excepcional: trata-se de um modelo de embarcação tradicional desenvolvida durante a primeira metade do século XX, nas reentrâncias maranhenses.

Esta canoa de casco igual aos das pequenas embarcações de propulsão a remo, usadas na pesca artesanal de subsistência, foi equipada com uma vela singular, feita especialmente para navegar pelo canais internos das reentrâncias; esta vela, possui um formato triangular em escaleno, sendo que a parte alta da diagonal é a mais protuberante: isto permite que as rajadas que passam a cima das copas dos mangueiros sejam captadas, evitando as calmarias ocasionais em certos sentidos e curvas, dos caudalosos canais internos.


O Bastardo é uma embarcação de propulsão a vela e a remo, própria para trafegar nas águas dos caudalosos furos e canais que desembocam nas famosas rias nos limites das desembocaduras dos rios que deságuam nas inúmeras baias das reentrâncias maranhenses.

O Município de Cururupu detém a maior frota deste modelo naval. Em função das particularidades da navegação; talvez por ser o município, que detêm a maior porção dos canais internos das reentrâncias na região. Como dito acima, nas região o vento sopra por cima das copas dos manguezais e exige que as velas das embarcações que circulam pela região, sejam alongadas para cima a fim de poder captar as rajadas que sopram rente as copas do mangal: este fenômeno  é específico das reentrâncias.
                                                                                                                                                                                                                                                         
no detalhe, moitões; peças artesanais de conexões dos cabos.



A plasticidade e a simplicidade do artesão navegador. 




O Bastardo é uma embarcação construída com tabuas sob cavername, sem quilha, medem 6 metros de comprimento em media. Utilizado nas modalidades da pesca artesanal o como; zangaria rede de lanço, curral, tapagem de igarapé, Fuzarca e outras em menor escala. O Formato da estrutura é igual a das canoas feitas na região das reentrâncias, é feita com cavernas de três paus cuja quantidade varia de acordo com o comprimento da embarcação, já o formato das cavernas é diferenciado e apresenta um desenho arredondado que vai determinar o fundo que é arredondado, não possui quilha.


Mais arte


É governado por um leme feito de tabua: o leme é removível e regulado de acordo com a necessidade da navegação: o leme pode ser calado em duas dimensões; leme todo e meio leme. Quando o bastardo esta sendo impulsionado apenas por remos e vogas o leme pode esta calado (calado no sentido da media d’água que a embarcação precisa para navegar) ou não; navegando a vela, este é regulado na popa da embarcação de acordo com a profundidade das águias navegáveis pelo bastardo, em águas de maior profundidade ou em mar aberto com forte circulação dos ventos, é usado o leme todo e em águas rasas é usado o meio leme.


O bastardo tem o formato de casco da canoa costeira, porem com convés aberto atravessado por bancos ao meio: possui um mastro que serve para suportar uma verga da vela principal e um cabo da vela secundaria; as velas são em formatos retangulares, a principal é sustentada por uma verga, a secundaria é segura com um cabo que vai do mastro para a proa.
O bastardeiro e seu cotidiano

detalhe


O bastardo vem sofrendo mudanças, e assim, perdendo sua principal característica a vela auxiliada por um mastro que dar suporte para a verga que é a principal sustentação da panagem da vela principal.

O bastardo já possui um descendente O “Esfola” possui o mesmo casco e as mesmas velas do bastardo porem perde o mastro e modifica os arreios ou as “encalças”(peças formadas de moitões e cabos que servem para dar sustentação as velas e beleza nas embarcações: pois estas formam uma decoração ao estilo desta especificidades da navegação). O “Esfola” oferece mais praticidade para navegar que o bastardo o içamento da vela do bastardo é necessário três pessoas no “Esfola apenas uma suspende a vela por meio das inovações introduzidas no processo. Outro fator que contribui para o acelerado processo de extinção do bastardo é a evolução tecnológica com à introdução da maquinaria motorizada nas embarcações de pequeno porte no litoral.


Os bastardos, que para sua utilização e navegação precisa de no mínimo três pessoas, com a motorização as embarcações do mesmo porte passaram a navegar com apenas uma pessoa: a vela e os remos do bastardo, agora foram substituídas por um motor rabeta.




Eis a aventura 

Continua

CASA DE FORNO

Por: Marinelton Cruz








terça-feira, 8 de novembro de 2011

CARRO DE BOIS "Rodas de Pau"




Carros de bois
texto e fotografias: Marinelton Cruz

Caros de bois mundo à fora

Depois da roda a maior e mais revolucionaria invenção da humanidade, surgiu logo a seguir outra grande revolução: a dos meios de transportes terrestres e assim, mundo à fora, a roda aliada aos animais mais precisamente o boi, fez surgir o meio de transporte de carga chamado “carro de bois”, que resiste do mundo antigo até os dias de hoje.

Queiroz relata sobre a origem do carro de bois:


“O carro de boi brasileiro é de origem romana. É o plaustrum do Lácio.

    Quando da invasão da Península Ibérica pelos romanos houve a introdução do carro de boi nessa parte da Europa. Da região do Minho, tal veículo agrário depois de sofrer prováveis modificações, foi trazido para cá pelo colono luso do século do descobrimento”



Os veículos motorizados aceleraram o processo de decadência do carro de bois no Brasil, na Argentina, em Portugal, na Espanha, na Grécia, na Turquia, no Irã, na Indonésia e na Malásia. Contudo, em todos esses lugares, artesãos continuaram a construí-los e a aperfeiçoá-los e, graças a essa gente, o carro de bois persiste na sua marcha pela história.



“Boeiro” em Portugal, “carreta” nos pampas gaúchos e “cambona” em algumas regiões do interior do Brasil, o carro de boi já era conhecido dos chineses e hindus. Também os egípcios, babilônios, hebreus e fenícios utilizavam o transporte “via bois”. Mais tarde, os europeus, quando se lançaram à colonização da África e da América, fizeram do boi um item indispensável da carga das caravelas.

Carro de bois no Brasil

O primeiro meio de transporte usado no Brasil pelos colonizadores foi o carro de bois que vieram juntamente com as juntas de bois para operar no processo de desenvolvimento da colonização. Em seguida os carpinteiros vindo de Portugal para exercerem o oficio de fabricação do carro de bois iniciaram em Pernambuco a construção dos primeiros carros de bois genuinamente brasileiros.

Queiroz, conta de forma poeta a saga do carro de bois no Brasil:

Rústico, modesto, vagaroso, o carro de boi foi, sem dúvida alguma, um dos fatores que muito concorreram para o progresso rural do Brasil.

    Primeiro veículo de transporte que a nossa terra possuiu, o carro de boi, "afundando o chão" virgem do Brasil-Colônia e Império, nele escreveu, com os sulcos paralelos de sua rodas pesadas e maciças, os primeiros capítulos da história do povoamento e agricultura nacionais. Ainda hoje, nas pequenas fazendas de nossa interlândia, onde, pela ausência de boas estradas, a concorrência dos modernos e velozes veículos de carga não chegou, ele continua com sua morosidade característica, mas sempre utilíssimo, a desempenhar obscuramente a missão multissecular de transportar os produtos da terra dadivosa, dos campos de cultura para as sedes dos núcleos agrícolas.


O primeiro Governador para o melhor desempenho de suas tarefas, tratou logo de profissionalizar a construção dos carros de bois, introduzindo operários e especializados na arte da construção do carro de bois, e os carreiros que desempenharam as funções de instrutores no manejo do que veio a ser o seu primeiro transporte de cargas, dos produtos tanto de consumo e comercio interno e os que seriam escoados para a metrópole.

Tomé de Sousa – primeiro governador-geral do Brasil – trouxe consigo carpinteiros e carreiros práticos e, em 1549, já se ouvia o “cantador” nas ruas da nascente cidade de Salvador. A presença do carro de bois também é mencionada no “Diálogo das Grandezas do Brasil”, de Ambrósio Fernandes Brandão (segundo Capristano de Abreu, páginas 38 e 64, 1956): “É necessário que tenha (…), 15 ou 20 juntas de bois com seus carros necessários aparelhados (…)”, e mais adiante, “A vaca, sendo boa, é estimada a (…), e o novilho, que serve já para se poder meter em carro, a seis e a sete mil réis (…)”.[Wikipédia.org/wiki/carro_de_boi ( acessado em 02/09/2010)

Nos primeiros tempos da colonização, além de manter em movimento a indústria açucareira - da roça ao engenho, do engenho às cidades, o carro de bois mobilizava a maior parte do transporte terrestre durante os séculos XVI e XVII. Transportavam materiais de construção para o interior e voltavam para o litoral carregados com pau-brasil e produtos agrícolas produzidos nas lavouras interioranas. No Brasil colonial, além dos fretes, o carro de bois conduzia famílias de um povoado para outro – muitas vezes transformado em “carro-fúnebre” e os carreiros precisavam lubrificar os cucões para evitar a cantoria em hora imprópria.[ Wikipédia.org/wiki/carro_de_boi ( acessado em 02/09/2010)



“Rio Grande do Sul (1839) – travava-se a Guerra dos Farrapos. Tudo acertado para a invasão de Santa Catarina. Os revolucionários – de um lado Davi Canabarro chefiava as tropas de terra. Do outro,Giuseppe Garibaldi,  daria cobertura por mar, atacando os portos da província. Um problema, porém, precisava ser solucionado: os dois lanchões da frota revolucionária estavam imobilizados na foz do Rio Capivara. Como a Lagoa dos Patos estava interceptada pela esquadra da União, restava a Garibaldi a saída por terra mas, sem os lanchões a tomada da província era impraticável. A solução veio pelas mãos do mestre Joaquim de Abreu, “carpinteiro de ofício e revolucionário por convicção”, preparou dois estrados de vigamento reforçado, aparelhou troncos em formato de eixos e o resultado: dois carretões pesando 12 e 18 toneladas, respectivamente. As 50 juntas de bois atreladas a cada carretão, após seis dias de marcha, transportaram os barcos até o rio Tramandaí. A façanha não bastou para vencer a revolução: a causa farroupilha acabou sendo derrotada, mas constitui um capítulo na história do carro de bois. “( Conhecer, Volume III: “Os Cantadores de Rodas”, pp. 721 a 723, Editora Abril Cultural Ltda, 1967).



No início do séculos XVII, o carro de bois era ainda absoluto no transporte de carga e de gente. No Sul, no Centro, no Nordeste, era indispensável nas fazendas. No Rio Grande do Sul as carretas conduziam para a Argentina e para o Uruguai a produção agrícola. Na Guerra do Paraguai, os carretões transportaram munições, víveres e serviram ainda como ambulâncias.

Em meados do séculos XVIII, entretanto, com o aparecimento da tropa de burros, o carro de bois perdeu sua primazia. Mais leves e mais rápidos, os muares não exigiam trilhas prévias e terrenos regulares. No final do século, vieram os cavalos para puxar carros, carroças e carruagens, e o carro de bois foi proibido por lei de transitar no centro das cidades, ficando o seu uso restrito ao meio rural

.

Introduzido pelos colonizadores portugueses o carro de boi difundiu-se por todo o país, existindo ainda no meio rural nordestino

O carro de boi foi um dos principais meios de transporte utilizados para transportar a produção das fazendas para as cidades, mas ainda é utilizado em algumas regiões do país.

Em alguns municípios, como em algumas regiões do interior brasileiro, ainda há fazendeiros que realizam mutirões de carros de bois para transportar suas produções agrícolas e também outros produtos. O som estridente característico do carro de bois, chamado de canto, lamento ou gemido, também faz parte da nossa cultura.

Carro de boi no Maranhão

O carro de boi por sua representação imaterial, constitui uma particularidade  do patrimônio tradicional maranhense. No município de Cururupu este instrumento esta presente por toda a extensão da produção agrícola, e resiste  aos avanços tecnológicos no ramo dos transportes. A utilização do carro de boi para transportar carga remonta séculos, desde o inicio da colonização nas terras da baixada maranhense até os dias atuais.

O carro de bois do município de Cururupu, segue a mesma estrutura modelística utilizada em toda a baixada ocidental do maranhão.

 As formações das antigas fazendas tiveram no carro de boi a mais importante estrutura para o desenvolvimento da produção e do comercio, pois somente este era utilizado para carregar os produtos que movimentavam a economia da era colonial cururupuense. Na atualidade o mesmo carro de boi continua imponente trafegando nos caudalosos caminhos sulcados entre as  profundas barreiras. Os caminhos são estreito por serem feitos conforme  o carro trilha, sendo rasgados por entre o matagal, com o tempo e a variedade do solo, vai traçando os sulcos,  em certas partes medem até três metros de altura; formando barreiras sinuosas ao longo do percurso.


Características do carro de boi do Município de Cururupu

No Município de Cururupu, o carro de bois,  possui as características próprias do Estado do Maranhão; é puxado por apenas uma junta de bois.


 O carro de bois está inserido no cotidiano das comunidades  como instrumento de primeira necessidade, está presente na vida diária como um elemento afirmador da identidade cultural do trabalhador rural na roça, no povoado e na cidade. É um meio de transporte largamente utilizado, trafega de um lado a outro, carregando variados objetos. 


Os carros de boi são constituídos por uma carroceria com  uma peça central e uma canga 

com duas alças que prendem dois bois no pescoço;

no meio da carroceria passa o eixo que prende as rodas com 1,28 metros de altura. 

 são utilizado no transporte de cargas e de pessoas. 


Ao longo do tempo a população da zona rural tem este  transporte como a principal forma 

de viajar pelos caminhos acidentados, que os levam aos distantes locais de trabalhos, as 

idas e vindas dos carros de bois com suas grandes rodas de madeira,  fincam nas 

estradas sulcos que medem até três metros de altura.



Estrutura física do carro de boi
O carro de é fabricado em pequenas oficinas espalhadas pela sede e interior do município.
A principal peça o cabeçalho  é a estrutura central do carro: suporte  que liga  a mesa (carroceria)  aos bois na  extremidade a que prende os bois; está a canga fixa pelo engate que atravessa a ponta do cabeçalho pela Xavêta,  a xaveta  e amarrada pelo Tamoeiro (uma corda de coro)  para fixar no cabeçalho.

Na Canga estão duas pequenas peças, uma de cada lado, a está peça dar-se o nome de cansir ou Cansio: deles saem duas cordas de couro chamadas de  brochas; que fixam os pescoço dos bois na canga.
Na outra parte do cabeçalho que corresponde as rodas, está a mesa (carroceria) o chão da mesa é formado por um conjunto de peças, descritas a seguir:

os ricavens  são duas vigas de madeiras quem atravessam o cabeçalho, na  diagonal, sendo que o cabeçalho os suporta no meio formando o suporte; para forma a parte da frente e de traz da mesa; as extremidades dos recavens do lado direito e esquerdo no sentido vertical formando um par estão as Xedas.
Presas como suporte do assoalho da mesa por onde vão ser estendidas as tabuas da mesma; saem um conjunto de 6 (seis) peças chamadas “Relhas”, e ainda se4parando as ditas relhas em dois conjuntos de três está o “relhão”.

A mesa tem como suportes laterais para segurar a carga do carro  duas peças;  chamadas de Sèbias as Sébias são formadas por  outras peças  enfiadas  gume das xedas que recebem a denominação de fueiros por eles; são atravessadas varas formando uma esteiras de madeira (Taipás).

Os carros possuem duas grandes rodas, construídas com madeiras de lei. Estas rodas são formadas por três partes: a central; e as laterais, ou o meio e as bordas: no meio de cada roda estão as partes chamadas de mião., nestas estão os buracos onde fixão as partes estremas  do Eixo denominadas As partes laterais das rodas são conhecidas como encostos e meia lua. As os ferros são arcos de ferro que circundam as rodas para garantir a junção das partes das rodas e oferecer resistência no desgastes das mesmas.

As rodas são presas no eixo por meio de um engate chamado  mião que possui um receio chamado contra-mião,que assenta no eixo possibilitando a movimentação do eixo numa circulação sobre si. Para que isto ocorra existem duas outras peças de junção fixas uma de cada lado nas xedas em que estextremidas destas peças que se prendem no eixo são em forma de grafo; as estas peças dar-se o nome de cantadeiras; da fricção destas peças com o eixo saem o som característico do carro de boi quando se movimenta.

A cantiga

O carro de boi, ao se deslocar carregado emite um som característico: um chiado agudo e prolongado, que se ouve a distancia, os usuários  o chamam de “cantiga”, este som serve como sinalizador sonoro que avisa a distancia o trafego do carro de boi. Dado as particularidades dos caminhos que são muito estreitos, sendo sempre na largura do próprio carro e em algumas partes sulcados em altas barreiras, só podendo passar um carro de cada vez; quando alguém ou outro carro vem no mesmo caminho, o som serve para avisar a vinda de  um ou mais carros em direção contraria; ai, na extensão do caminho, existe vários desvios que servem para um dar passagem ao outro.