terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ARQUIPÉLAGO DE MAIAÚ


Arquipélago de Maiaú  
Texto e fotografias: Marinelton Cruz



MAIAÙ: Maiaú era criança de Matakula e de Kaituloa. Infelizmente Maiaú não teve nenhuma criança. (tuvalufamili@yahoo.com.au).
 A denominação do arquipélago  tem origem no nome da maior e principal Ilha. Nela está localizada a comunidade de Bate-Vento e o Farol de são João: entre os rasgados da
Aliança”(que separa Maiaú da Ilha de Lençóis) e furo do Meio, ( que separa a Ilha maiaú da Ilha do Meio) no litoral ocidental do Maranhão na região do Município de Cururupu” nas Coordenadas Latitude 01º16"88 S e Longitude 44º55"18 W,

 Na segunda metade do século XVIII, a Marinha do Brasil denominou o local de Ilha de São João, a onde chegaram em viagem de reconhecimento, pretendia instalar um farol sinalizador que servisse para orientar as embarcações que viajavam no sentido Maranhão- Pará e vice-versa. Daí em  1884,ali inauguraram o sinalizador batizado como O Farol de São João.
O arquipélago situado entre a baía de São João e a Barra do Machado (Urumaru)  leva a denominação de Maiaú, em consideração ao tamanho da Ilha, a maior do arquipélago.
Farol de São João: o segundo, em importância na navegação brasileira.

A ilha passou a ser denominada de Maiaú em homenagem a um pescador do mesmo nome que residiu em lugar ermo no centro da Ilha, fora da comunidade; esse cidadão recusava-se a morar junto aos seus contemporâneos. Quando Maiaú morreu, os moradores da comunidade de Bate Vento passaram a identificar a Ilha com o nome dele.

            Maiaú é a maior ilha do arquipélago que leva seu nome e possui uma vasta área; desde tempos imemoriais esta Ilha vem sendo reivindicada como propriedade particular. Em depoimento, uma moradora da ilha de Porto do Meio afirma que Maiaú, assim como Porto do Meio são antigas propriedades de Leotério Moura, e que estas foram herdadas por seu filho, Antonio Moura, que as vendeu ao senhor Amado Joaquim, que por sua vez as doou para sua filha Dalvina Amado. As ilhas são reivindicadas atualmente por seu Ângelo, viúvo de dona Dalvina Amado.


            Segundo o Ministério Público, através da Regional do Patrimônio da União no Maranhão, os pretensos donos destas Ilhas não apresentaram na época documentos comprobatórios de posse particular. Conforme relatório do IBAMA/CNPT, os documentos que teriam validade jurídica seriam os documentos cartoriais da época das sesmarias de 1830, que não constam nos registros atuais. Mais os mesmos órgãos dão conta de que fizeram buscas nos cartórios dos municípios de Guimarães e de Cururupu e lá encontraram recibos e mapas, mas que estes não possuem valor para efeito de desapropriação da área pela União. Segundo estes órgãos, as Ilhas são propriedade da União e, portanto, de domínio público.

           
Em Maiaú, as atividades econômicas passam pela pesca e pelo comércio, e ali já funcionou uma salina, fundada pelo senhor Angelo em 1947. No mesmo local da salina funcionou um criatório de camarões na década de setenta do século passado, financiado pela extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM. Na ilha está localizado o Farol de São João, o segundo mais importante farol brasileiro, eleito pelos correios em 2000 para cartão postal e símbolo nacional.

            Os registros obtidos na comunidade de Bate Vento por meio da narrativa dos moradores dão conta de que os primeiros habitantes do local foram os pescadores artesanais, responsáveis pela principal atividade econômica da ilha, embora alguns tenham se dedicado à pequena agricultura de subsistência. Os moradores mais idosos da comunidade contam que as primeiras modalidades de pesca artesanal introduzidas foram as de tapagem de igarapé, munzuá, tarrafa, curral e, depois, pela década de quarenta do século vinte, a zangaria, trazida pelos pescadores cearenses, como afirma Jacó Lopes Passinho, 68 anos, nascido em Bate Vento.

            Os comerciantes também tiveram papel importante para a comunidade, já que através do comércio forneceram aos moradores os gêneros necessários, comercializando os produtos produzidos pela pesca local. Dona Dalila Nair Passinho, 90 anos, que chegou na comunidade com doze anos, em 1926, conta que “o comércio na região era primeiramente itinerante; mais tarde, com o crescimento da população, os comerciantes foram aumentando e fixando residência nas comunidades.
Em Bate Vento os comerciantes dessa época foram os imigrantes sírios da família Passinho e Anciff. Os comerciantes remanescentes dessa época, atualmente ali residentes são
Aquino Passinho e Caburé Passinho.

Comunidade Bate Vento  

            A Comunidade de Bate Vento situa-se na ilha de Maiaú, próxima do farol de São João, e tem esse nome conforme sua localização, às margens de um igarapé que fica de frente para as correntes do vento forte que sopra do sul durante a estação chuvosa. Com 127 residências e uma população de 316 pessoas, possui campo de aviação, energia elétrica, telefone público, posto médico, comércios mistos de botecos e quitandas agradáveis, pessoal bacana e hospitaleiro, excelente porto e rio de acesso com fácil navegação. Funciona como ponte com a vizinha ilha de Lençóis. A população é composta de pescadores que se ocupam na pesca artesanal e comercial, sendo que a principal modalidade da pesca nesta comunidade é a pescadeira ou malhão, usada principalmente para capturar a pescada amarela. Bate Vento cumpre o papel estrutural para turistas que visitam a ilha de Lençóis e o Farol de São João.
            
 Bate Vento é a maior e a mais antiga comunidade do arquipélago, sendo de singular importância para o desenvolvimento do local. Serviu de suporte para a povoação da maioria das comunidades da região. Nessa ilha se desenvolveu a maior produção de sal da região, durante a década de sessenta do século XX. Foi também o local do maior projeto de criação de camarão financiado pela então Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, no litoral ocidental do Maranhão.

          
Beto Matuck e Claudio Farias: no cimo do Arquipélago
 
A ilha esteve envolvida em recente polêmica envolvendo disputa pela sua posse, reivindicada por um antigo morador, empresário e dono dos principais investimentos na área e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, durante o processo de criação da Reserva Extrativista Marinha - RESEX dos Municípios de Cururupu e Serrano do Maranhão. O Ministério Público deu ganho de causa para o IBAMA, que então criou a reserva em 2004. Bate Vento tem esse nome provavelmente devido a sua posição geográfica, pois fica de frente para o nascente e recebe fortes cargas de vento durante o período do verão maranhense.