terça-feira, 8 de novembro de 2011

CARRO DE BOIS "Rodas de Pau"




Carros de bois
texto e fotografias: Marinelton Cruz

Caros de bois mundo à fora

Depois da roda a maior e mais revolucionaria invenção da humanidade, surgiu logo a seguir outra grande revolução: a dos meios de transportes terrestres e assim, mundo à fora, a roda aliada aos animais mais precisamente o boi, fez surgir o meio de transporte de carga chamado “carro de bois”, que resiste do mundo antigo até os dias de hoje.

Queiroz relata sobre a origem do carro de bois:


“O carro de boi brasileiro é de origem romana. É o plaustrum do Lácio.

    Quando da invasão da Península Ibérica pelos romanos houve a introdução do carro de boi nessa parte da Europa. Da região do Minho, tal veículo agrário depois de sofrer prováveis modificações, foi trazido para cá pelo colono luso do século do descobrimento”



Os veículos motorizados aceleraram o processo de decadência do carro de bois no Brasil, na Argentina, em Portugal, na Espanha, na Grécia, na Turquia, no Irã, na Indonésia e na Malásia. Contudo, em todos esses lugares, artesãos continuaram a construí-los e a aperfeiçoá-los e, graças a essa gente, o carro de bois persiste na sua marcha pela história.



“Boeiro” em Portugal, “carreta” nos pampas gaúchos e “cambona” em algumas regiões do interior do Brasil, o carro de boi já era conhecido dos chineses e hindus. Também os egípcios, babilônios, hebreus e fenícios utilizavam o transporte “via bois”. Mais tarde, os europeus, quando se lançaram à colonização da África e da América, fizeram do boi um item indispensável da carga das caravelas.

Carro de bois no Brasil

O primeiro meio de transporte usado no Brasil pelos colonizadores foi o carro de bois que vieram juntamente com as juntas de bois para operar no processo de desenvolvimento da colonização. Em seguida os carpinteiros vindo de Portugal para exercerem o oficio de fabricação do carro de bois iniciaram em Pernambuco a construção dos primeiros carros de bois genuinamente brasileiros.

Queiroz, conta de forma poeta a saga do carro de bois no Brasil:

Rústico, modesto, vagaroso, o carro de boi foi, sem dúvida alguma, um dos fatores que muito concorreram para o progresso rural do Brasil.

    Primeiro veículo de transporte que a nossa terra possuiu, o carro de boi, "afundando o chão" virgem do Brasil-Colônia e Império, nele escreveu, com os sulcos paralelos de sua rodas pesadas e maciças, os primeiros capítulos da história do povoamento e agricultura nacionais. Ainda hoje, nas pequenas fazendas de nossa interlândia, onde, pela ausência de boas estradas, a concorrência dos modernos e velozes veículos de carga não chegou, ele continua com sua morosidade característica, mas sempre utilíssimo, a desempenhar obscuramente a missão multissecular de transportar os produtos da terra dadivosa, dos campos de cultura para as sedes dos núcleos agrícolas.


O primeiro Governador para o melhor desempenho de suas tarefas, tratou logo de profissionalizar a construção dos carros de bois, introduzindo operários e especializados na arte da construção do carro de bois, e os carreiros que desempenharam as funções de instrutores no manejo do que veio a ser o seu primeiro transporte de cargas, dos produtos tanto de consumo e comercio interno e os que seriam escoados para a metrópole.

Tomé de Sousa – primeiro governador-geral do Brasil – trouxe consigo carpinteiros e carreiros práticos e, em 1549, já se ouvia o “cantador” nas ruas da nascente cidade de Salvador. A presença do carro de bois também é mencionada no “Diálogo das Grandezas do Brasil”, de Ambrósio Fernandes Brandão (segundo Capristano de Abreu, páginas 38 e 64, 1956): “É necessário que tenha (…), 15 ou 20 juntas de bois com seus carros necessários aparelhados (…)”, e mais adiante, “A vaca, sendo boa, é estimada a (…), e o novilho, que serve já para se poder meter em carro, a seis e a sete mil réis (…)”.[Wikipédia.org/wiki/carro_de_boi ( acessado em 02/09/2010)

Nos primeiros tempos da colonização, além de manter em movimento a indústria açucareira - da roça ao engenho, do engenho às cidades, o carro de bois mobilizava a maior parte do transporte terrestre durante os séculos XVI e XVII. Transportavam materiais de construção para o interior e voltavam para o litoral carregados com pau-brasil e produtos agrícolas produzidos nas lavouras interioranas. No Brasil colonial, além dos fretes, o carro de bois conduzia famílias de um povoado para outro – muitas vezes transformado em “carro-fúnebre” e os carreiros precisavam lubrificar os cucões para evitar a cantoria em hora imprópria.[ Wikipédia.org/wiki/carro_de_boi ( acessado em 02/09/2010)



“Rio Grande do Sul (1839) – travava-se a Guerra dos Farrapos. Tudo acertado para a invasão de Santa Catarina. Os revolucionários – de um lado Davi Canabarro chefiava as tropas de terra. Do outro,Giuseppe Garibaldi,  daria cobertura por mar, atacando os portos da província. Um problema, porém, precisava ser solucionado: os dois lanchões da frota revolucionária estavam imobilizados na foz do Rio Capivara. Como a Lagoa dos Patos estava interceptada pela esquadra da União, restava a Garibaldi a saída por terra mas, sem os lanchões a tomada da província era impraticável. A solução veio pelas mãos do mestre Joaquim de Abreu, “carpinteiro de ofício e revolucionário por convicção”, preparou dois estrados de vigamento reforçado, aparelhou troncos em formato de eixos e o resultado: dois carretões pesando 12 e 18 toneladas, respectivamente. As 50 juntas de bois atreladas a cada carretão, após seis dias de marcha, transportaram os barcos até o rio Tramandaí. A façanha não bastou para vencer a revolução: a causa farroupilha acabou sendo derrotada, mas constitui um capítulo na história do carro de bois. “( Conhecer, Volume III: “Os Cantadores de Rodas”, pp. 721 a 723, Editora Abril Cultural Ltda, 1967).



No início do séculos XVII, o carro de bois era ainda absoluto no transporte de carga e de gente. No Sul, no Centro, no Nordeste, era indispensável nas fazendas. No Rio Grande do Sul as carretas conduziam para a Argentina e para o Uruguai a produção agrícola. Na Guerra do Paraguai, os carretões transportaram munições, víveres e serviram ainda como ambulâncias.

Em meados do séculos XVIII, entretanto, com o aparecimento da tropa de burros, o carro de bois perdeu sua primazia. Mais leves e mais rápidos, os muares não exigiam trilhas prévias e terrenos regulares. No final do século, vieram os cavalos para puxar carros, carroças e carruagens, e o carro de bois foi proibido por lei de transitar no centro das cidades, ficando o seu uso restrito ao meio rural

.

Introduzido pelos colonizadores portugueses o carro de boi difundiu-se por todo o país, existindo ainda no meio rural nordestino

O carro de boi foi um dos principais meios de transporte utilizados para transportar a produção das fazendas para as cidades, mas ainda é utilizado em algumas regiões do país.

Em alguns municípios, como em algumas regiões do interior brasileiro, ainda há fazendeiros que realizam mutirões de carros de bois para transportar suas produções agrícolas e também outros produtos. O som estridente característico do carro de bois, chamado de canto, lamento ou gemido, também faz parte da nossa cultura.

Carro de boi no Maranhão

O carro de boi por sua representação imaterial, constitui uma particularidade  do patrimônio tradicional maranhense. No município de Cururupu este instrumento esta presente por toda a extensão da produção agrícola, e resiste  aos avanços tecnológicos no ramo dos transportes. A utilização do carro de boi para transportar carga remonta séculos, desde o inicio da colonização nas terras da baixada maranhense até os dias atuais.

O carro de bois do município de Cururupu, segue a mesma estrutura modelística utilizada em toda a baixada ocidental do maranhão.

 As formações das antigas fazendas tiveram no carro de boi a mais importante estrutura para o desenvolvimento da produção e do comercio, pois somente este era utilizado para carregar os produtos que movimentavam a economia da era colonial cururupuense. Na atualidade o mesmo carro de boi continua imponente trafegando nos caudalosos caminhos sulcados entre as  profundas barreiras. Os caminhos são estreito por serem feitos conforme  o carro trilha, sendo rasgados por entre o matagal, com o tempo e a variedade do solo, vai traçando os sulcos,  em certas partes medem até três metros de altura; formando barreiras sinuosas ao longo do percurso.


Características do carro de boi do Município de Cururupu

No Município de Cururupu, o carro de bois,  possui as características próprias do Estado do Maranhão; é puxado por apenas uma junta de bois.


 O carro de bois está inserido no cotidiano das comunidades  como instrumento de primeira necessidade, está presente na vida diária como um elemento afirmador da identidade cultural do trabalhador rural na roça, no povoado e na cidade. É um meio de transporte largamente utilizado, trafega de um lado a outro, carregando variados objetos. 


Os carros de boi são constituídos por uma carroceria com  uma peça central e uma canga 

com duas alças que prendem dois bois no pescoço;

no meio da carroceria passa o eixo que prende as rodas com 1,28 metros de altura. 

 são utilizado no transporte de cargas e de pessoas. 


Ao longo do tempo a população da zona rural tem este  transporte como a principal forma 

de viajar pelos caminhos acidentados, que os levam aos distantes locais de trabalhos, as 

idas e vindas dos carros de bois com suas grandes rodas de madeira,  fincam nas 

estradas sulcos que medem até três metros de altura.



Estrutura física do carro de boi
O carro de é fabricado em pequenas oficinas espalhadas pela sede e interior do município.
A principal peça o cabeçalho  é a estrutura central do carro: suporte  que liga  a mesa (carroceria)  aos bois na  extremidade a que prende os bois; está a canga fixa pelo engate que atravessa a ponta do cabeçalho pela Xavêta,  a xaveta  e amarrada pelo Tamoeiro (uma corda de coro)  para fixar no cabeçalho.

Na Canga estão duas pequenas peças, uma de cada lado, a está peça dar-se o nome de cansir ou Cansio: deles saem duas cordas de couro chamadas de  brochas; que fixam os pescoço dos bois na canga.
Na outra parte do cabeçalho que corresponde as rodas, está a mesa (carroceria) o chão da mesa é formado por um conjunto de peças, descritas a seguir:

os ricavens  são duas vigas de madeiras quem atravessam o cabeçalho, na  diagonal, sendo que o cabeçalho os suporta no meio formando o suporte; para forma a parte da frente e de traz da mesa; as extremidades dos recavens do lado direito e esquerdo no sentido vertical formando um par estão as Xedas.
Presas como suporte do assoalho da mesa por onde vão ser estendidas as tabuas da mesma; saem um conjunto de 6 (seis) peças chamadas “Relhas”, e ainda se4parando as ditas relhas em dois conjuntos de três está o “relhão”.

A mesa tem como suportes laterais para segurar a carga do carro  duas peças;  chamadas de Sèbias as Sébias são formadas por  outras peças  enfiadas  gume das xedas que recebem a denominação de fueiros por eles; são atravessadas varas formando uma esteiras de madeira (Taipás).

Os carros possuem duas grandes rodas, construídas com madeiras de lei. Estas rodas são formadas por três partes: a central; e as laterais, ou o meio e as bordas: no meio de cada roda estão as partes chamadas de mião., nestas estão os buracos onde fixão as partes estremas  do Eixo denominadas As partes laterais das rodas são conhecidas como encostos e meia lua. As os ferros são arcos de ferro que circundam as rodas para garantir a junção das partes das rodas e oferecer resistência no desgastes das mesmas.

As rodas são presas no eixo por meio de um engate chamado  mião que possui um receio chamado contra-mião,que assenta no eixo possibilitando a movimentação do eixo numa circulação sobre si. Para que isto ocorra existem duas outras peças de junção fixas uma de cada lado nas xedas em que estextremidas destas peças que se prendem no eixo são em forma de grafo; as estas peças dar-se o nome de cantadeiras; da fricção destas peças com o eixo saem o som característico do carro de boi quando se movimenta.

A cantiga

O carro de boi, ao se deslocar carregado emite um som característico: um chiado agudo e prolongado, que se ouve a distancia, os usuários  o chamam de “cantiga”, este som serve como sinalizador sonoro que avisa a distancia o trafego do carro de boi. Dado as particularidades dos caminhos que são muito estreitos, sendo sempre na largura do próprio carro e em algumas partes sulcados em altas barreiras, só podendo passar um carro de cada vez; quando alguém ou outro carro vem no mesmo caminho, o som serve para avisar a vinda de  um ou mais carros em direção contraria; ai, na extensão do caminho, existe vários desvios que servem para um dar passagem ao outro.



2 comentários:

  1. A VIDA NO CAMPO É ALGO QUE ME DEIXA MARAVILHADO. QUE COISA LINDA ESSES BOIS NA CANGA. ME FAZ LEMBRAR DO CONVITE DE JESUS EM MATEUS 11:28-30
    28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
    29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.
    30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve. O JUGO DITO POR JESUS É A CANGA. ELE QUER ANDAR LADO A LADO COM VOCÊ PARA TE DAR ALIVIO E DESCANSO.

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